domingo, 15 de julho de 2012

INSOC invade Brasília!





Por Marcello Azolino

Poder assistir ao vivo uma apresentação do information society (INSOC) era uma das minhas resoluções musiciais da vida. Afinal, a banda tem uma áurea cult e possui uma penca de hits que embalaram muitas lembranças do íncio da década passada. O information teve papel destacado na onda dos sintetizadores e tinham um estilo muito próprio de criar e incorporar batidas eletrônicas e o que viríamos a conhecer como samplers.

 Com uma história tumultuada, a banda de minnesota conseguiu lançar dois álbuns de relativo sucesso  recheados de hits e depois desacelerou e não emplacou mais nenhuma música expressiva. Porém, com um empurrãozinho do programa da VH1, o bands reunited, que tinha a tarefa de reunir bandas oitentistas para um único comeback promovido pela emissora. Algo ali teria sido despertado para que os 3 integrantes principais, kurt harland, paul robb e james cassidy acabassem retornando ao showbusiness. O programa não conseguiu arrancar deles nenhum final concert para decepção dos fãs, mas valeu pra reunir todos eles numa sala a fim de reavaliarem a carreira cheia de altos e baixos...Em certo momento, um deles reflete que o “sucesso começou a se esgotar e de repente estávamos fazendo sucesso somente no Brasil”.

 De fato, o information society sempre foram tratados como idolos máximos por aqui. No Rock in Rio II fizeram apresentação antológica com direito ao Kurt passeando pelo palco com seu infame patins e o público enlouquecido com o trio. Em Brasilia, tiveram por aqui em 1991 no Estádio Mané Garrincha numa das poucas apresentações de bandas internacionais que a capital recebia à época.

Pois em 2012, o information saiu em turnê pela última vez para despedir-se dos fas e acabaram incluindoBrasilia como uma das paradas.

O SHOW



Com inicio marcado para a meia noite o information entrou pontualmente no palco do salão do Minas Tenis Clube. O local não era o mais adequado já que nao possuía acústica decente e tampouco tinha estrutura apropriada para shows. Somado à isso, havia um número muito baixo de público que aparentemente nao se empolgou para sair de casa e rever a banda. Uma pena... Os poucos trintões que estavam lá pareciam ser realmente fãs, jã que usavam camisetas e traziam vinis da banda a tiracolo para tentar descolar autógrafos e fotos.

Com setlist caprichado, a banda passeou por músicas novas e hits de forma equilibrada e com muita excentricidade. Kurt nao tem mais idade para andar de patins, mas permanece com as mesmas estranhezas que empregava pra conduzir seus shows no inicio da década de noventa. Sempre se dirigindo à platéia, tentou falar diversas frases em português e ganhou a simpatia do público que os agradeciam a cada hit que tocavam.

Só para citar algumas músicas que integraram o set: what’s on your mind; think; Peace and Love Inc; Walking away e Repetition. No hit mais memorável do INSOC, what´s on your mind, Kurt proferiu o refrão da música em português macarrônico: eu quero saber ,o que vocë está pensando, tem coisas que vocë nao pode esconder...

Em certas músicas Kurt errava a letra e o resto da banda tentava improvisar, mas, no geral, foi uma  um duelo de sintetizadores complementado por um telão que projetava imagens em sincronia com as músicas. Uma boa combinação para a proposta do INSOC...

Poder ver diversos trechos de diálogos de star trek serem diluídos nas canções deles é divertido já que a manipulação desses elementos dão um efeito inusitado e bastante característico da banda que, definitivamente, tem persolidade própria. Daí aquele pure-pure-pure-pure-pure-pure Pure Energy teve seu espaço para o delírio de inúmeros fãs.

 De forma geral, foi um show OK que trouxe muito mais lembranças do que o INSOC já foi, do que necessariamente ele representa hoje. Atualmente, não estão mais tão afiados no palco como antigamente, porém, deixam o legado de vários hits que sobrevivem ao tempo pela qualidade e pelo  tom de ficção científica bacana que permeia seu som. O INSOC nunca soou tão atual para a sociedade da informação facebookiana, orkutiana e googleana dos dias de hoje

terça-feira, 1 de maio de 2012

Duran Duran rocks Brasilia!

Por Marcello Azolino

Com um repertório inspirado e uma banda afiada, o Duran Duran apresentou um show eficiente para uma platéia de 1,6 mil pessoas (número apresentado pelo Correio Braziliense). A apresentação ocorreu no sábado, dia 28 de abril, no Centro de Convenções, com talvez 60% do local ocupado por fãs do grupo inglês, um quórum muito baixo para uma banda que já lotou estádios e ginásios pelo mundo afora.

 O set list foi um apanhado de três décadas de trabalho que incluiu desde músicas do álbum mais recente “All you need is now”, produzido pelo popular Mark Ronson, até os álbuns antológicos do grupo como “Rio”, “Arena” e “Duran Duran”.

 Daí veio a música de abertura, Before the rain, uma balada pontuada por um clima épico de hino bastante apropriado para as boas vindas da banda. Em seguida, regrediram algumas décadas atrás para explorar a bem sucedida Planet Earth bem do inicio da carreira do Duran. Emendaram A View to a kill para refrescar a memória do público da participação deles na franquia de James Bond, afinal só artistas que experimentaram sucesso na carreira foram convidados para fazer alguma das músicas tema do personagem icônico de Ian Flemming. Bon, Simon Lebon.

 Em determinado momento, Simon Lebon desceu do palco e interagiu com o público ao pedir ajuda a um fã para entoar as vocalizações do inicio do hit “The Reflex”. A platéia agradeceu a espontaneidade daquele momento. Outros hits memoráveis vieram como a balada Come undone e Is there something I should know. Até Save a Prayer, que não costuma pintar nos setlists dos útimos shows, deu as caras para delírio dos fãs que cantaram em coro “Don’t say a prayer for me now, save it to the morning after”.

 Notorius quebrou a onda de músicas lentas, para, em seguida, chamar ao palco Fernanda Takai, do Pato fu, pra fazer um duet em Ordinary World. Visivelmente encabulada de dividir o palco com o Duran Duran, se saiu bem e acabou sendo um reconhecimento para o trabalho da Takai. Inclusive, na turnê dela do cd em homenagem a Nara Leão já fazia um cover de ordinary world.

 A quantidade de hits não cessou, pois logo vieram Hungry like the wolf, Wild boys e o bis com uma Girls on film alongada propositadamente para apresentação de cada membro da banda se exibir em seu respectivo instrumento, culminando com a sensacional Rio.

 Foi um passeio pela carreira respeitável de uma banda que marcou uma geração e continua provando que ainda tem tino para música. A própria aproximação deles de produtores como Mark Ronson e Justin Timberlake, que teve envolvimento na produção do álbum Red carpet massacre, demonstra que eles têm buscado se reciclar e bravamente se manter ativos. Não é todo dia que podemos presenciar uma banda pop com essa qualidade e com essa bagagem.No-no-notorius!




sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tears for Fears traz a Brasília show repleto de hits e mostra porque ainda é uma banda expoente da cultura pop

Roland Orzabal

Por Marcello Azolino

Com diversos hits na bagagem, Curt Smith e Roland Orzabal chegaram a Brasília prometendo um show antalógico para o final de uma terça feira pré feriado. Dito e feito, a banda não só demonstrou excelência no que faz, como relembrou que verdadeiros clássicos pops da música conseguem transcender décadas e ainda assim soarem atuais.

Com o Centro de Convenções abarrotado, o show foi antecedido por um pocket show de abertura do canandense Michael Wainwright, que demonstrou-se eficiente ao conduzir um setlist para aquecer a metralhadora de hits que viria em alguns minutos, o Tears for Fears.

Com a banda devidamente posicionada no palco, os acordes iniciais de “Everybody Wants to Rule the world” foram escolhidos a dedo para abrir uma explosão de empolgação da platéia, que se levantou de seus assentos para cantar em pé e em coro um dos maiores sucessos oitentistas da banda. Em seguida, veio “Secret World” do disco mais recente, “Everybody loves a happy ending” de 2004.

Com “Sowing the seeds of love” os contornos épicos da canção foi acompanhada de perto pela platéia que a cada sucesso explodia num coro uníssono. Roland Orzabal comprovou que continua com o mesmo alcance vocal potente que ostentava nos anos 80 e demonstrou total harmonia com a banda que os acompanha nessa turnê.

Era evidente que o público perdia um pouco do pique quando a banda tocava músicas menos conhecidas do grande público como “Call me mellow”, “Everybody loves a happy ending” e “Closest thing to heaven”. Porém, antes que a peteca caísse, emendavam um clássico como “Change” ou “Pale Shelter”para arrebatar novamente os ouvintes.


Roland Orzabal and Curt Smith

Em “Mad World” um coelho de pelúcia foi arremessado no palco, numa clara alusão ao filme Donnie Darko, que utiliza a música em questão quase como parte do enredo do fenômeno cult cinematográfico. Daí não faltaram, outras tantas músicas inesquecíveis como “Advice for the young at heart”, “Head over heels” e “Break it down again”. Houve até um sofisticado cover de Billie Jean, uma bela homenagem ao Rei do Pop.

Simpáticos, tentaram interagir com o público: Roland tentou arranhar um pouco o português, ou talvez portunhol, ao agradecer a receptividade impressionante da banda no Brasil e confessou que estava, particularmente, tímido na noite de terça. Curt Smith, por sua vez, foi econômico nas palavras e expressou satisfação em estar em uma cidade que ostenta diversas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto que admira muito.

No bis, Tears for Fears reservou Woman in Chains, com Michael Wainright responsável pelo vocal imortalizado por Oleta Adams (arrepiante), e terminou com “Shout”, um hino oitentista que funcionou perfeitamente para fechar com chave de ouro o espetáculo. Sem playback e sem enrolação, as “Tias fofinhas” (Apelido carinhoso dado à banda no Brasil) provaram que são uma banda completa, que sabem executar músicas com um grau de excelência impressionante e  sabem, como poucos, dar continuidade a um patrimônio musical que já alcança quase três décadas de hits sacramentados na cultura pop mundial.

Vida longa ao Tears for fears!

Tears for Fears

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

The Cranberries em Brasília.

                                    
Por Marcello Azolino

Talvez The Cranberries seja uma das bandas mais expressivas dos anos 90. Provenientes da Irlanda, terra do U2 e do Simple Minds, o grupo concebeu hits memoráveis ao longo de sua carreira e que perduram até hoje, como provam os ginásios e casas de shows abarrotados de gente nessa turnê 2010.

Depois de realizarem alguns shows no Brasil no inicio deste ano, os irlandeses aparentemente se surpreenderam com a recepção calorosa dos brasileiros e colocaram algumas outras cidades brasileiras na rota para visitarem ao longo do mês de Outubro, incluindo Brasilia. A capital federal recebeu o show no dia 19 de Outubro, no problemático Ginásio Nilson Nelson.

O The Cranberries deveria entrar no palco as 21 horas, porém, um atraso inexplicável de uma hora mudou o inicio do show para as 22 horas. A platéia estava realmente eufórica, inclusive, foi espantoso saber que existem, em Brasília, fãs tão empolgados com a banda.Uma grata surpresa...

O palco, com cenário discreto, cedeu espaço à vocalista Dolores O’Riordan, o guitarrista Noel Hogan, o contra-baixista Mike Hogan e Fergal Lawler na bateria. A primeira música executada foi “Analyse”, que foi recebida em coro pelo público, num estouro coletivo de gritos provenientes desde a área VIP até as cadeiras ao fundo do ginásio. As músicas “How”, “Animal Instict”, “Ordinary Day” e “Dreaming my dreams” foram acompanhadas com euforia pela platéia que realmente conhecia de cor as letras autorais de Dolores.

No entanto, foi com “Linger”que o grupo arrebatou de vez o público. O refrão “you know I’m such a fool for you” foi entoado conjuntamente por todos, dando a sensação de que aquela balada fez parte da vida amorosa de muita gente ali. Aproveitando o embalo, Dolores mandou mais um hit,“Ode to my family”, faixa do disco “No need to argue”, que demonstra a enorme extensão vocal da vocalista, uma daquelas vozes que preenchem o espaço, ela tem total domínio de seu instrumento de trabalho.

A banda não fala muito, entre uma música ou outra Dolores ressaltava o quanto estavam apreciando o país de dimensões continentais, dedicou uma música às suas duas filhas e agradeceu o carinho dos fãs. Frequentemente ela saia de cena e entrava numa tenda montada na lateral do palco...

O set list teve ainda: “Still can’t”, “Just my imagination”, “Desparate Andy”, “When You’re gone”, “Can’t be with you”, “Waltzing”, “Time” e “Free to decide” (música dedicada ao sufocante papel da mídia na vida da artista). Os hits “Salvation” e “Ridiculous Thoughts” foram recebidos com muita animação pelos brasilienses.

O grupo terminou com “Zombie”, música de fundo político, e com certeza uma das canções mais importantes da década de 90. Uma bela experiência poder presenciar o ginásio em peso bradar o refrão intenso da música com punhos fechados e dando socos no ar: “In your heaad, In your heaad, zoombie, zoombie!”

Como de praxe, saíram de cena e voltaram para o bis de quatro músicas finais: “Empty”, “You and me”, “Promises” e a bela “Dreams”.

Com danças bizarras e uma certa timidez ou falta de traquejo com a platéia, Dolores é uma vocalista tecnicamente impecável e profissional. O setlist pincela os grandes feitos da banda e os intrumentistas fazem um ótimo trabalho ao despejar uma quantidade invejável de hits. Ofuscados pelo show evento do Green Day ocorrido 2 dias antes na capital, o The Cranberries fez um espetáculo mais melódico e sem tanta pirotecnia, algo que reflete o estilo musical e a proposta discreta da banda.

sábado, 2 de outubro de 2010

A-ha traz à Brasília show de despedida pontuado por hits, empolgação do público e faringite do vocalista.



Por Marcello Azolino

            O anúncio de que o A-ha traria seu Farewell tour para o Brasil em 2010 movimentou os inúmeros brasileiros saudosistas da banda que em 1990 levou milhares de pessoas ao inesquecível Rock in Rio II. Com a turnê “A-ha – The Farewell tour – Ending on a high note” a banda norueguesa percorreu as cidades de Bauru, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília.
            O A-ha tocou no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, no dia 16 de março de 2010, alguns dias depois do show explosivo do Guns n` roses e sua “Chinese Democracy Tour”. Apesar da acústica comprometida do ginásio, este cedeu espaço para cinco mil pessoas cantarem em coro os inúmeros hits de uma banda que já atravessa 3 décadas de estrada.
            A platéia, constituída na maior parte por trintões, claramente estava empolgada, era possível sentir a expectativa dos fãs para que o trio colocasse logo os pés no palco. E foi às 22h12 que Morten Harket (vocalista), Paul Waaktaar-Savoy (guitarrista) e Magnus Furuholmen (Tecladista) entraram para estremecer as estruturas do lugar.
            A ópera Synthpop/ New Wave foi iniciada com o som dos sintetizadores do novo single da banda, “The Bandstand”. Em seguida, outra balada do álbum novo, a faixa-título “Foot of the mountain”, melodia suave com mais sintetizadores.
            A terceira música foi a faixa-título do penúltimo álbum do A-ha, “Analogue”, no qual Morten Harket empunhou uma guitarra para acompanhar Paul.Um telão gigante posicionado atrás da banda mostrava imagens escolhidas a dedo e com total sincronia em relação às músicas. A estética visual sem dúvida era um dos highlights do show.
            A música seguinte foi “Forever not yours”, do álbum Lifeline, cujo refrão foi cantado em coro pelo público: “I’ll soon be gone now, forever not yours”. “Minor earth, major sky” veio em seguida e depois a bela música rica em falsetes “Summer moved on” empolgou a todos. Inclusive, é nesta música que Morten Harket segura uma nota por vinte segundos sem respirar. De arrepiar, meu caro!
            Imagens de sangue em movimento projetadas no telão davam pista de que “The Blood that moves the body” seria a próxima a ser executada. Emendou “Move to Menphis”, porém, quando os acordes inicias de “Stay on these roads” ecoaram no ginásio houve uma explosão de gritos. Durante a música, Morten já demonstrava estar se esforçando para alcançar as notas agudas, visivelmente ofegante, começou a dirigir o microfone à plateia para que esta o ajudasse. Avisou que estava com uma faringite terrível e se esforçaria para continuar cantando.
            Então, veio o tema de 007 gravado pelo A-ha: “The Living Daylights”. Morten só conseguiu cantar trechos da música com voz grave, quando a canção exigia a voz característica aguda dele, ele dirigia o microfone para o público cantar. Agradeceu várias vezes constrangido: “thank you...”. O tecladista, Mags, deixou o teclado e correu de uma extremidade à outra do palco animando e puxando o coro da platéia:
oooooooooooohhhhh, ooooooohhhh the living daylights”.
            “Crying in the rain”( o cover dos Everly Brothers), “Scoundrel Days” e “The Swing of things” foram executadas pela banda, que tentava compensar, com seus instrumentos, a falta de voz de Morten Harket, que cada vez mais ia sumindo. Em determinado momento, ele perguntou ao público se todos queriam que continuasse cantando só os graves e deixando os agudos para a platéia cantar ou se devia parar. A resposta de todos os presentes no ginásio foi unânime: yes!Keep going! Afinal, todos estavam lá pra ouvir a banda, independente de falhas pontuais em trechos da música.
            O setlist prosseguiu com Manhattan Skyline”, “I’ve been losing you”, “We’re looking for the whales” e terminou com “Crywolf”. A banda norueguesa saiu do palco e os fãs ávidos por mais hits pediram o bis. Voltaram para tocar “Hunting High and low” que o público de forma bela cantou junto com a banda, num esforço coletivo para contornar a incoveniente faringite de Harket. Concluíram com “The sun always shines on tv” e saíram novamente de cena.
            O ginásio começou a gritar e a clamar o maior hit da banda, o clássico do synth-pop: “Take on me!Take on me!Take on me!”. Atendendo a todos os chamados, se dá inicio a projeção no telão do clipe inovador (pelo menos na época em que foi lançado, ao fundir desenho animado com atores reais) de “Take on me” e um dos riffs de teclado mais marcantes  do mundo é reproduzido em pleno cerrado por Mags, o povo vai ao delírio. Como não se empolgar com uma das músicas mais bacanas e representativas do anos 80?
            Enfim, ter tido a oportunidade de ir a um show do A-ha em Brasília foi uma oportunidade única e  memorável para quem aprecia a banda. Apesar da faringite inoportuna do Morten, o público compreendeu o esforço dele em cantar o que era possível cantar e contribuiu em coro cantando nas lacunas deixadas pelo lead singer. Uma pena que os noruegueses estejam se despedindo, em tempos de Jonas Brothers e Miley Cyrus, uma baixa dessas vai ser realmente sentida para aqueles que apreciam bandas de verdade. Saem de cena dignamente, alcançando notas altas...


domingo, 19 de setembro de 2010

DIANA KRALL E SUA BANDA ESBANJAM VIRTUOSISMO PARA PÚBLICO BRASILIENSE.


Por Marcello Azolino


Com o Teatro OI lotado em Brasília, Diana Krall e sua banda subiram ao palco pontualmente. A platéia composta predominantemente por pessoas na faixa dos 40,50, 60 anos estava ansiosa para os primeiros acordes da canadense que adquiriu, nos últimos tempos, status de celebridade do jazz. Nessa turnê, ela está acompanhada do guitarrista virtuoso Anthony Wilson, do baterista Karriem Riggins e do contrabaixista Robert Leslie Hurst. Por algum motivo não informado, John Clayton e Jeff Hamilton, contrabaixista e baterista originais respectivamente, ficaram de fora dessa segunda parte do tour do cd “Quiet Nights”...

Devido ao espaço físico diminuto do Teatro OI, aproximadamente 450 lugares, o formato do show prometia algo mais intimista, já que Krall e a banda ficaram muito próximos da platéia. Já acomodada em frente ao seu piano, Diana tocou, como de praxe no inicio de seus shows, “I love being here with you”, música cheia de improvisos que funcionou como uma pequena demonstração  do que estaria por vir.

Depois da entrada promissora, Diana Krall já emendou “So nice (Summer Samba)” dando inicio ao tom bossanovista que pontua esse novo trabalho da cantora. No meio da letra, deixou bem claro para o público o quanto estava emocionada por estar tocando para os brasileiros e o quanto estava honrada em saber que a cantora Rosa Passos estava presente, o que adicionou um caráter especial à noite.

Em seguida, tocou a música “On the sunny side of the street” e tentou quebrar o gelo ao falar de sua família que estava em Vancouver. Para quem não sabe, Diana Krall é casada com Elvis Costello e foi para ele que ela dedicou a canção “I’ve grown accustomed to his face”. Em tom quase melancólico, ela sussurrou a bela “How deep is the ocean (How high is the sky)”, faixa do disco “Love scenes”. Aproveitando a deixa da música de Irving Berling, interpretou outra do compositor, o standard “Let’s face the music and dance”, do cd que lhe deu o grammy “When I look in your eyes” e, ainda dentro do número, improvisou “How insensative” no piano.

Bem mais a vontade, falou do fascínio que ela tem em explorar os inúmeros vinis na casa de seu pai  e que iria tocar uma canção de um compositor fundamental na vida dela, Burt Bacharah. Com “Walk on by” acelerou o ritmo e deu uma roupagem diferente ao arranjo produzido para o cd. Interessante como a ela e a banda sempre improvisam numa harmonia constante, cada um dos músicos tem espaço para números de solos com um swing e total domínio das baladas. Há espaço para todos darem seu show particular.

Daí vieram “Exactly like you” e a interpretação de Corcovado, aqui “Quiet nights, no qual arrebatou a platéia com a fluência que percorre a obra prima de Tom Jobim. Mudou para Nat King Cole e sua divertida “Just you, just me” e arriscou “Este seu olhar”em um português esforçado e inevitavelmente sexy na voz da Sra. Krall.

Terminou o show com um número musical de quase 20 minutos de improviso utilizando a base da música de Irving Berling, “Cheek to cheek”, arrepiando a todos os presentes. Voltou ainda no bis para interpretar o cover inusitado de Tom Waits, “Clap Hands”, dando tons de blues.

A segunda visita de Diana Krall à capital federal provou que ela é uma artista que ama boa música, que sabe escolher a dedo os instrumentistas que a acompanham (cada solo de Anthony Wilson hipnotizava o público) e um reportório invejável que vai de Burt Bacharah à Tom Waits. Linda e extremamente charmosa com seu estilo tímido, Krall sem dúvida alguma é a representante do gênero jazzístico feminino mais popular da atualidade e se consagra como uma artista impecável.Que honra poder dividir uma sala com ela e sua banda por duas horas de total sintonia.